Hoje em dia, um dos termos mais falados no Brasil e no mundo é a inflação. Por mais que seja comum e fácil sentir os efeitos da inflação, muitas pessoas não entendem sobre as suas altas, como a do dólar, e como ela funciona no geral.

Todos os países do mundo possuem o objetivo de controlar a inflação. Nosso país se vê dificultado para resolver essa questão, por mais que após o plano real ele tenha passado por melhorias.

Leia este artigo até o final para entender tudo sobre a inflação. Além de saber formas de se defender da inflação, também é importante conhecer todos os motivos que levam ela acontecer.

Publicidade

O que é a inflação?

A inflação é o nome dado para o índice que apresenta a alta de preços de serviços e bens em todo o Brasil. Devemos destacar que esse conceito não significa apenas a falta de um serviço ou bem específico, mas sim a maioria de serviços e produtos consumidos por brasileiros por um período longo.

O nome técnico para os serviços e bens incluídos é cesta de produtos. Cada índice da inflação utiliza uma cesta diferente para cálculos inflacionários. Cada índice também possui um foco diferente, onde existem análises gerais de todos os preços da economia.

Para cada caso, há um cálculo da inflação diferente.

Cálculo da inflação

No geral, a inflação é averiguada ou medida todo mês por meio do consumo das famílias do país. Assim é gerado o índice. No Brasil, ele se chama INPC, Índice de Preços ao Consumidor, sendo averiguado mensalmente pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Todas as famílias possuem padrões de consumos distintos, com algumas famílias consumindo carne poucas vezes no mês e outras com maior frequência. Então, para entender o comportamento dos consumos para a média de cada família brasileira, o IBGE estabeleceu algo chamado de população-objetivo.

Neste grupo criado estão as famílias, onde seu rendimento mensal tem variação entre um e cinco salários mínimos. Por sua vez, essas famílias fornecem os preços de produtos consumidos ao longo do mês pelo IBGE.

Assim, tais produtos são definidos por uma pesquisa denominada POF, Pesquisa do Orçamento Familiar, pesquisa que trabalha com produtos, serviços e bens consumidos por todo o grupo população-objetivo, informando o quanto foi gasto por cada um.

A inflação possui diversos índices diferentes, também utilizados pelo IBGE para fazer o cálculo do nível inflacionário.

Índices da inflação

O principal índice de inflação no Brasil é o IPC, Índice de Preço ao Consumidor. Ele resulta da observação dos índices que verificam preços restantes.

Entre eles está o IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo, usado para observar o consumo de todas as famílias urbanas, que recebem até 40 salários mínimos mensais, independente da fonte desses rendimentos.

Variações de preços

Alguns produtos ou serviços possuem uma maior importância na mudança de preços do que outros. Entre esses, existem serviços permanentes como fornecimento de água, eletricidade, telefonia, coleta de esgoto e transporte.

Esses serviços possuem o maior peso no cálculo de preços mensais ou anuais, se comparados a uma lata de óleo de cozinha ou uma bala.

Efeitos da Inflação

A inflação possui efeitos internos e externos. De forma interna, esse processo é marcado pela elevação da quantidade de capital para a compra de produtos. Já a inflação do ponto de vista externo faz com que a moeda se desvalorize.

O que causa a inflação?

No geral, existem três motivos principais que podem estar presentes ao início e o crescimento de uma inflação: com o descompasso entre quanto um produto é ofertado e procurado, no momento de lucros privados ou no aumento rápido dos custos de produção.

Quando há um descompasso entre a oferta e a procura

No capitalismo, existem leis básicas onde uma delas é a da procura e oferta. Ela consiste em quando a procura tem mais valor do que oferta de um produto determinado, o seu preço tende a aumentar, assim quando ela é menor, o preço diminui.

Isso quer dizer que quando a população possui mais recursos para comprar, ocorre um grande aumento da procura, que muitas vezes não é acompanhado pela oferta. Isso leva os preços às alturas, o que intensifica a inflação.

Da mesma forma, quando a produção possui algum problema a sua oferta diminui aumentando os preços novamente, enquanto a procura aumenta ou se mantém na mesma intensidade.

Aumento dos lucros privados

Quando uma empresa consegue um controle imenso de um produto ou setor comercial, ela começa a controlar o Índice de Variação dos Preços do Setor. Então, sendo o objetivo principal do capitalismo, o lucro individual, os empresários dessas companhias farão de tudo para aumentar os preços ao máximo, não tendo uma concorrência para forçar quedas.

Caso a maioria dos produtos passem a ser controlados a favor do capitalismo financeiro atual por poucos empresários dessas companhias, teremos um processo generalizado de inflação.

Aumento rápido dos custos de produção

Quando as companhias sofrem com o aumento rápido no preço da produção de produtos, seja com o excesso de dívidas, aumento de salários repentino e um grande aumento de impostos, elas tendem a repassar todo esse custo para o consumidor, fazendo com que a inflação suba.

O aumento do custo das matérias-primas também é associado a isso. Se o preço desse produto subir por algum motivo, seja um controle dos fornecedores, escassez, razões políticas ou outros, o custo dos produtos aumentará elevando a inflação.

Por isso, é essencial nos atentar aos índices de inflação e ao que o governo está fazendo para combatê-lo. O aumento de juros pelo Banco Central é um dos meios existentes para fazer isso, pois assim a taxa de crédito cai junto com o poder de compra do consumidor.

Com o poder de compra lá embaixo, os preços diminuem, fazendo também com que o custo de vida caia consideravelmente. Entretanto, dependendo dos fatores que levaram a inflação está elevada, isso pode não ser suficiente para resolvê-la.

Hiperinflação

A hiperinflação é um nível de inflação consideravelmente acima do tolerável. Não existe uma métrica determinada sobre quando o país atinge esse patamar, mas quando uma economia o faz, podemos considerar que essa inflação está fora de controle.

Além da grande alta dos preços, o cenário inflacionário tem tendência a gerar uma grande desvalorização da moeda do país, podendo ocorrer recessão econômica. Essa inflação altíssima não é tão comum nos dias atuais, sendo que ela já atingiu vários países de todo o mundo, como a Alemanha após a primeira guerra mundial ou o Brasil durante a década de 1980.

Causas da inflação

Também podemos colocar a questão quais as causas da inflação caso ela ocorra. A inflação de demanda tem vários fatores, por exemplo. Geralmente eles estão atrelados a estímulos econômicos que não podem fazer com que a oferta dos preços de produtos tenha o mesmo ritmo.

Dessa forma Duas medidas monetárias podem influenciar esse índice de forma negativa:

  • Redução da taxa básica de juros;
  • Emissão de papel-moeda.

Emissão de moeda

Essa emissão, por sua vez, injeta uma maior liquidez na economia, elevando a demanda por serviços e bens. Esse crescimento na demanda acontece porque a emissão traz mais moeda para a economia do que o necessário, falando sobre nível de transações.

Assim, a emissão de moeda traz à economia um estímulo que não é visto pela oferta de bens e serviços. Esse descompasso entre demanda e oferta gera efeitos negativos a respeito da inflação.

Normalmente, a emissão de moeda é um recurso que os governos utilizam em casos de déficit público, o que também é considerado como uma das maiores causas de inflação em países.

É visível o quanto a inflação afeta a economia de um país, de forma negativa. Isso porque seus impactos sobre a economia são como um efeito em cadeia.

Como a inflação afeta negativamente a economia?

No primeiro passo, a inflação reduzirá o poder de compra dos consumidores por conta da alta nos preços, onde o mesmo salário começará a comprar menos.

Mesmo que existam reajuste salariais anualmente, tais reajustes não serão realizados junto aos preços reajustados. Então, a inflação invariavelmente geraria uma perda de consumo real, com o passar do tempo.

A queda no poder de compra faz com que o consumo geral tenha uma redução, que também diminui o quanto as empresas esperam vender por conta dos efeitos negativos da economia. Após uma queda no consumo, a inflação geraria uma queda nos investimentos, o que geraria impactos negativos no PIB do Brasil.

Os maiores componentes do PIB são o investimento privado, o consumo das famílias, o saldo da balança comercial e os gastos públicos. Com as quedas em investimento e consumo, provavelmente aconteceria uma queda no crescimento econômico. A inflação mais elevada também possui seus impactos negativos na economia pública, já que o pagamento dos títulos públicos está atrelado diretamente à inflação.

Índices de inflação

Existem diversos índices usados para medir a inflação. Cada um deles possui uma particularidade relacionado a abrangência ou fazem parte de um determinado setor, região ou cidade.

Os dois índices que mais possuem destaque no Brasil são IGPM e IPCA.

IPCA

O IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo, é o índice principal de inflação para o Brasil, sendo utilizado também como o índice oficial da inflação. Com ele, é traçado meta de inflação, como alterações na taxa de juros. Ele é calculado mensalmente pelo IBGE, do primeiro ao último dia do mês.

IGP-M

Esse é o segundo índice de inflação muito utilizado, o IGP-M, Índice Geral de Preços do Mercado. Calculado pela FGV, Fundação Getúlio Vargas, esse índice é composto por outros três, que possuem um peso específico em sua formação:

  • Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – 30%;
  • Índice de Preços por Atacado (IPA) – 60%;
  • Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) – 10%.

O IGPM também possui cálculo mensal. Ele foi criado em 1980 por solicitação do setor financeiro. Por conta do período de inflação elevada no Brasil e diversas mudanças nos índices oficiais, foi solicitado a criação de um índice mais independente.

Nos dias de hoje, o IGPM é muito utilizado para reajustes contratuais de aluguéis, tarifas públicas e seguros de saúde.

Como se proteger da inflação?

Por mais que o aumento dos preços promovam impacto em quase todos os setores da sociedade, podemos tomar algumas medidas que nos protejam contra a inflação durante o seu acontecimento. Pagar algumas contas únicas de impostos, como IPVA e IPTU ou quitar todos os pagamentos em parcela única de cobranças mensais de escola, por exemplo, poderia ser um caminho mais simples.

Contudo, essa medida nem sempre é acessível, pois em alguns casos esse desconto pode não valer a pena ou pode não existir uma renda para esses pagamentos em uma parcela única anual para todas as famílias.

Assim, a melhor maneira de minimizar os efeitos da inflação, de forma com que uma família não sinta tanto é parar de guardar dinheiro em casa. Hoje em dia, existem diversos investimentos que podem possuir um rendimento acima da inflação em retorno.

Em geral, existem vários ativos financeiros que ajudam o investidor a alcançar essa meta, como os ativos de renda fixa, que levam o índice de inflação em questão. Em alguns casos essas aplicações são feitas de forma direta, como no caso de títulos do Tesouro Nacional, com rentabilidade ligado diretamente ao índice de inflação.

Mas, se isso ocorrer de forma indireta como os casos em que os ativos são pagos pela taxa Selic, a fixação do objetivo para a taxa básica de encargos seria realizada, tendo o índice inflacionário levado em questão. Assim, investimentos dessas espécies também seria essencial para o investidor se proteger contra uma alta na inflação.

Apesar dos reais ganhos dos investimentos em ativos também serem atingidos pela inflação, a realidade desses ativos ajuda para a proteção no cenário inflacionário. Existem casos onde a inflação pode gerar maiores ganhos, o que é o oposto a perdas. Mas, isso depende do ativo investido.

Portanto, uma boa compreensão a respeito da inflação é essencial tanto para que se entenda melhor a economia, quanto para traçar horizontes na hora de investir. Além disso, saber sobre a lógica desses índices pode ajudar a entender o ritmo da economia brasileira.