Sabe a famosa cena do Titanic depois que o navio despedaça e Rose, interpretada por Kate Winslet, fica em cima da porta, na qual nitidamente caberiam os dois, mas ainda sim Jack, interpretado por Leonardo DiCaprio, boia na água fria até a morte? Pois bem, deixemos de lado o eterno questionamento do “por que ele não subiu?”. O foco aqui é a porta, ela é a reserva de emergência.

Em um cenário em que fatalidades e eventos inesperados te surpreendam, a reserva irá oferecer suporte, como um bote salva vidas financeiro. Mas você é a Rose e não o Jack, combinado?

Por que montar a reserva de emergência?

Com a pandemia se tornou claro para muitas pessoas o quão necessário é esse dinheiro reservado para emergências. Muitos entenderam isso, porque não tinham e se viram em situações muito difíceis, outros porque já haviam feito a reserva e puderam passar por esse momento com um pouco mais de tranquilidade.

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A lógica da reserva de emergência é ser uma precaução não para “e se” as coisas acontecerem, mas para “quando” elas acontecerem. Imprevistos fazem parte da vida. São exemplos de emergências:

  • Quando um familiar fica doente;
  • Seu carro precisa de conserto;
  • A ferramenta principal de trabalho estraga;
  • Perder o emprego;
  • Descobrir que haverá um curso determinante para sua carreira profissional sem previsão de ocorrer novamente.

Acima estão alguns exemplos de oportunidades que não eram possíveis de serem previstas. E tudo bem utilizar a reserva para situações que poderão te trazer um retorno significativo.

Mas é importante compreender que se é possível planejar, não é emergência, é meta. É algo só da certo se você coloca como prioridade.

Como montar a reserva de emergência?

Montar sua reserva de emergência deve ser sua prioridade número 1. O cálculo de quanto guardar envolve o seu custo de vida. O esperado é que o custo de vida não seja equivalente ao valor do salário, ou seja, tudo que ganha é gasto.

Para determinar esse custo você precisa fazer um raio-X da sua vida financeira e descobrir quanto entra (salário, renda extra etc) e quanto sai (despesas fixas, variáveis), o que pode ser cortado, quais as dívidas principais. Na internet, é possível encontrar em bons sites planilhas automatizadas que te auxiliam nesse processo.

Uma vez determinado o custo de vida, caso seja CLT ou funcionário público (tenha um salário fixo) o sugerido é que monte sua reserva com o valor de 6x seu custo de vida. Agora, caso seja autônomo, empreendedor ou deseje sair do emprego o ideal é que esse valor seja de 12x seu custo de vida.

Onde deixar ?

Juntar o valor da reserva de emergência pode não ser tarefa fácil, mas, uma vez que tenha analisado todo seu orçamento, aos poucos será possível! E quando começar pode ser que você se pergunte qual o melhor lugar para deixar o dinheiro guardado para uma situação de extrema necessidade.

Não podemos te dizer para colocar no CDB rendendo 100%, do CDI ou em algum Banco Digital que rende 200% do CDI, isso é uma escolha que você deverá avaliar. Para isso, segue a explicação sobre quais são os critérios a serem analisados quando for escolher onde deixar seu dinheiro, pois dessa forma você será capaz de tomar suas decisões por conta própria.

Os critérios são:

  • Liquidez: deve ser fácil retirar o dinheiro de onde ele estiver de preferência em no máximo um dia. Quando estiver buscando pelo investimento, por exemplo, na corretora ele irá te mostrar se é de liquidez diária/imediata ou em alguns casos D+0 ou D+1 que significam, respectivamente, liquidez diária (D+0) e que ao solicitar o dinheiro ele estará disponível no dia seguinte (D+1).
  • Volume de resgates: é importante que o investimento não restrinja o valor que você pode colocar ou retirar a cada vez que for realizar uma movimentação e ele irá te mostrar se é necessário um investimento mínimo.
  • Segurança:  confira se a instituição é registrada no Banco Central, seja uma corretora ou um banco.
  • Proteção do investimento: você espera contar com esse dinheiro em uma emergência, por isso onde ele irá ficar deve ser seguro! Abaixo você pode conferir um pouco melhor o fator proteção de alguns investimentos.
  • Rentabilidade: se pergunte: “Quando me renderá no final?”. Mesmo que a rentabilidade não seja o objetivo da reserva de emergência, avalie, dentre as opções, a melhor para você.

Investimentos adequados para a reserva de emergência

Tesouro Selic: a liquidez é diária e todos os dias o dinheiro rende. A taxa de rentabilidade é a própria Selic que hoje está 5,25% ao ano. Quem garante a proteção é o próprio Tesouro Nacional e não há investimento mais seguro.

CDB de Liquidez Diária: No caso dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) a rentabilidade sofre uma variação assim como a liquidez. Para a reserva, busque aqueles com liquidez diária (D+0) ou que solicita em um dia e no máximo no dia seguinte tem acesso ao dinheiro (D+1). Quem garante a proteção é o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que cobre até R$ 250.000 por CPF caso o banco emissor do título quebre. Confira no site do FGC a lista de instituições que são vinculadas a eles.

Bancos Digitais: hoje temos as contas digitais que oferecem boas rentabilidades de 100% a 200% do CDI, por exemplo. Quanto à proteção, elas têm o capital do investidor separado do capital da instituição financeira. São duas contas da pessoa jurídica (PJ) uma para a própria empresa e uma para o capital dos investidores (quem deixa dinheiro no banco digital). No entanto, até o momento que o artigo foi escrito, nenhuma conta de pagamento quebrou para sabermos, de fato, como ocorreria o ressarcimento.

Como visto, a reserva de emergência é feita para te dar tranquilidade em momentos de instabilidade ou para impulsionar oportunidades que cruzam seu caminho e que não puderam ser previstas.

E lembre-se: usou a reserva? Já trace formas de repor esse dinheiro!